quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O que é um argumento correcto?

o que é um argumento correcto?

1.1. O Argumento dedutivo e o argumento indutivo
1.1.1. O que é um argumento?
Por argumento entende-se um conjunto finito de proposições, em que uma delas, a conclusão, está pretensamente justificada pelas restantes, as premissas. Assim, um argumento é um conjunto de razões que sustentam uma conclusão. Dito de outra forma, é uma operação mental mediante a qual se parte de determinadas proposições dadas ou já conhecidas para uma nova proposição, a conclusão. A inferência da conclusão faz-se na medida em que se relacionam entre si as proposições.

1.1.2. O que distingue um argumento dedutivo de um argumento indutivo?
Um argumento pode ser dedutivo ou indutivo. A diferença entre ambos os argumentos recai no tipo de relação entre as premissas e a conclusão.
Num argumento dedutivo a verdade das premissas garante a verdade da conclusão , enquanto num argumento indutivo a verdade das premissas tornam plausível a verdade conclusão, mas não a garantem.
Como exemplo de um argumento dedutivo
Argumento A):
Todos os animais são mortais; Todos os homens são mortais;
Logo todos os homens são animais.
Como exemplo de um argumento indutivo:
Argumento B
No dia 1 o cão do Zuzu comeu e uivou; No dia 2 o cão do Zuzu comeu e uivou; No dia 3 o cão do Zuzu comeu e uivou, …, No dia 12, o cão do Zuzu comeu e uivou.
Logo, sempre que o cão do Zuzu come, uiva.
A grande diferença está na pretensão com que se justifica a conclusão: no caso do dedutivo a conclusão é logicamente necessária, no caso do indutivo a conclusão é somente provável.
No argumento dedutivo a conclusão é logicamente necessária (resulta por força lógica do encadeamento das premissas) e é psicologicamente constringente (não podendo deixar de ser a que é temos de a aceitar, forçosamente). No argumento indutivo a conclusão sendo provável não é necessária do ponto de vista lógico e podemos não a aceitar.
Podemos considerar no domínio dos argumentos indutivos os argumentos de autoridade, argumentos sustentados em exemplos, argumentos sobre causas, argumentos quase-lógicos, argumentos linguísticos, argumentos sustentados na interpretação de factos, argumentos sustentados na eficácia, na utilidade, etc.

1.2. O argumento dedutivo válido e o argumento dedutivo inválido
Ao definirmos argumento dedutivo simultaneamente apresentamos as condições da sua validade. Assim, o argumento válido é o que apresenta a conclusão que necessariamente se deveria concluir. O argumento dedutivo inválido é o que conclui o que não se deveria concluir.
A validade e invalidade dos argumentos aplica-se somente aos argumentos dedutivos. Só estes se sustentam numa implicação formal entre premissas e conclusão. Pelo contrário a relação entre premissas e conclusão nos argumentos indutivos não é sustentada numa implicação formal. Tal como se pode ver no exemplo B) o cão do Zuzu pode amanhã não comer e não uivar, ou até comer e não uivar. Ou seja, o facto de as premissas serem verdadeiras não se traduz numa implicação necessária na verdade da conclusão. A conclusão pode ser fortemente apoiada e, assim, apostaríamos que iria ocorrer a verdade da conclusão, mas estamos ao nível das probabilidades e não ao nível da garantia absoluta.

1.3. A Independência da validade face à verdade
Pelo que foi dito podemos compreender que num raciocínio dedutivo havendo premissas verdadeiras é impossível existir uma conclusão falsa, enquanto num raciocínio indutivo não é impossível ter uma conclusão falsa apoiada em premissas verdadeiras. Se o que foi dito é uma outra forma de definir argumento válido, e até de distinguir dedução de indução, é, também, uma forma de introduzir a independência da validade face à verdade.
Assim, o facto de termos um argumento dedutivo válido não significa que todas e cada uma das suas proposições sejam verdadeiras. Podemos inclusive ter todas as proposições falsas e ser válido e, inversamente, podemos ter todas as proposições verdadeiras e ser inválido.
A questão da validade diz respeito à forma ou estrutura do argumento dedutivo e só do argumento dedutivo. Neste o que permite concluir o que se conclui e, sobretudo , o que impõe que se conclua o que se conclui é a forma lógica do raciocínio, sendo que o encadeamento das premissas é tal que a conclusão é necessariamente a que ocorre e não outra.

Vejamos dois exemplos de argumentos dedutivos, um inválido e com todas as proposições verdadeiras, C), e outro válido e com todas as proposições falsas, D).

Argumento C)
Todos os homens são mortais; o Senhor Xis é bandarilheiro; Logo, o Senhor Xis é mortal

Argumento D)
Todos os rapazes são pacientes. Todos os rapazes são aluno de lógica.
Logo, todos os alunos de lógica são pacientes

1.4. o argumento correcto - ou sólido - é o argumento não com premissas possivelmente verdadeiras de onde se infere necessariamente uma conclusão possivelmente verdadeira, mas é o argumento válido onde todas as proposições são verdadeiras.

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